Foto: divulgação
Visão interna do projeto vencedor: jardim de flores
Foi divulgado na manhã desta terça-feira o projeto vencedor do concurso para o Memorial em homenagem às vítimas da Kiss, do arquiteto paulista Felipe Zene Motta. Ao total, foram 133 propostas inscritas, e 121 entregues para a comissão. O resultado foi apresentando durante uma cerimônia no colégio Marista Santa Maria.
A próxima etapa é a assinatura do contrato entre o arquiteto e Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM). Só depois disso, será feita a apresentação pública do projeto para a comunidade de Santa Maria e o detalhamento do valor da obra, que pode chegar a R$ 3 milhões. Para construir o memorial, a AVTSM irá captar o dinheiro de várias formas, ainda não divulgadas.
O PROJETO
Foto: Divulgação
Visão externa do projeto do memorial da Kiss
Conforme divulgado no site do concurso do memorial, o projeto vencedor, do arquiteto paulista Felipe Zene Motta, foi concebido para ressignificar a área da boate em lugar de respeito ao passado, conforto ao presente e esperança ao futuro. Para isso, a arquitetura funde os conceitos de edifício, memorial e praça de forma integrada.
A proposta traz um muro de concreto e tijolos que bloqueia quase que inteiramente a visão do espaço interior, se vista da rua. A austeridade da fachada representa o luto, conforme o site. Em contraste, ao atravessar o muro, encontra-se um espaço de luz e fluidez. O atravessar remete à transformação e à potencialidade da ressignificação do luto e do pesar.
No centro - o coração do projeto - haverá um jardim circular de flores. À sua volta, 242 pilares de madeira, cada um representando uma vítima da tragédia, suportam uma cobertura radial que abriga as diversas salas do conjunto. A mesma cobertura, ao se projetar em balanço, possibilita que uma grande varanda se forme abaixo, de onde os visitantes podem contemplar o jardim e são convidados a escolher uma flor e depositá-la em um suporte, cada qual em um pilar, com o nome da vítima homenageada.
O projeto traz três salas que poderão ser acessadas de forma independente a partir da varanda. Ao fundo fica o auditório, composto por um palco central e plateia em lados opostos. Uma sala multiuso de caráter cultural abrigará acervos em formato de exposição permanente multimídia. Do outro lado, optou-se por criar uma sala única que abrigará a sede da Associação, assim como demais áreas de reunião e atividades coletivas.
O projeto está distribuído em um único pavimento, o que viabiliza a acessibilidade universal a todos os espaços e torna mais econômica a construção e a manutenção do memorial, já que não são necessários elevadores. Tal economia também se deve à baixa movimentação de terra no terreno necessária para a implantação da edificação em um único patamar, que é o mesmo da edificação existente no local.
O CONCURSO
O edital do concurso foi publicado no dia 27 de janeiro, quando a tragédia que matou 242 pessoas e deixou 600 feridos completou cinco anos. O julgamento das propostas foi sigiloso - os jurados analisaram os projetos sem conhecer a identificação do autor - e ocorreu em cinco sessões . A primeira avaliação dos projetos foi feita no dia 5 de abril, por uma comissão técnica formada por cinco arquitetos, que selecionou 49 deles para a segunda sessão de julgamento, que ocorreu no dia 6 de abril. Já na terceira sessão, no dia 7, foram julgados 21 trabalhos, dos quais apenas cinco foram selecionados na última etapa, que ocorreu na tarde de sábado, e apresentados nesta terça:
- 1º lugar: Felipe Zene Motta, de São Paulo (SP)
- 2º lugar: Frederico André Rabelo, de Goiânia (GO)
- 3º lugar: Fábio Henrique Faria, de Curitiba (PR)
- 4º lugar: Fernando Assunção, de Belo Horizonte (MG)
- 5º lugar: Paulo Henrique Paranhos, de Brasília (DF)
A proposta que conquistou o primeiro lugar, além de levar o prêmio de R$ 25 mil, será a que vai embasar as obras do memorial. Os outros quatro projetos vão receber premiações em dinheiro: R$ 12 mil (2º lugar), R$ 6 mil (3º lugar), R$ 4 mil (4º lugar) e R$ 3 mil (5º lugar). Além disso, a ATVSM concedeu cinco menções honrosas, três de São Paulo e duas de Brasília.
OS JULGADORES
Comissão julgadora de arquitetos foi formada por Mariano Martin Orlando (Argentina), Cêça Guimarães (RJ), João Diniz (MG), Carlos Eduardo Mesquita Pedone (RS), Estevan Barin (RS), e pelos suplentes Ana Paula Nogueira e Luis Guilherme Aita Pippi. Já a comissão de classificação foi constituída por representantes da AVTSM, Flavio José da Silva, Paulo Tadeu Nunes Carvalho, Jacqueline Malezan, Sergio da Silva e Adherbal Alves Ferreira, e representantes da comunidade, jornalista Marcelo Canellas, presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism), Rodrigo Décimo, reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Paulo Afonso Burmann, cineasta Luiz Alberto Cassol, historiador Júlio Ricardo Quevedo Santos e jornalista Claudemir Pereira.